terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

sentada ali
eu desembrulhava pensamentos
descascava impressões
no vazio
no frio
com o foco
no menor quadrado
da minha calça xadrez
eu sentia saudades
do que planejei pra mim

domingo, 5 de fevereiro de 2012

flutuante flamejante

de batom vermelho
[mentira]
um whisky e um
cigarro na
mão
[mentira]
ela gargalhava
um riso
solto
escancarado
debochado
pornográfico
até
[eu diria]
ela perdia o fôlego
as pessoas passavam
ela as
ignorava
embora aquilo
tudo fosse
extremamente relevante
seus pensamentos não
existiam eles
coexistiam
talvez
com o extra do instante
e fluiam na medida que
as coisas
não aconteciam
ela se escorava no copo
e usufruia do nada e
do ninguém
e de tudo o que
lhe era oferecido
e amava
[amava]
amava o
momento
seu peito explodia de
amor e entusiasmo
exageradamente
vivia o exacerbado
e escrachava
seus braços e seus pés
sua barriga e seus
ouvidos
sua língua e sua boca
ela engolia o caroço
o alvoroço da enlouquecida
inexistência de porquês
que descorria o pertinente
do evento
e era
bom
porque era só vazio
vazio do bom e do ruim
e não tinha balança
nem justificativa
nem coerência
era só permanência
e ela ria
e chorava de rir
até
e dançava
e ria
e doía
[e aí acabou]
.
e o meu poder
nessa nossa
relação
está
na cena de
me fazer
desejável
e eu
te seduzo
montada
nessa sua
insegurança
e nessa
falha da minha
auto estima
mas
é aí que
eu te amo
feito louca
mas
é aí que
eu te amo
como nunca
.