domingo, 5 de fevereiro de 2012

flutuante flamejante

de batom vermelho
[mentira]
um whisky e um
cigarro na
mão
[mentira]
ela gargalhava
um riso
solto
escancarado
debochado
pornográfico
até
[eu diria]
ela perdia o fôlego
as pessoas passavam
ela as
ignorava
embora aquilo
tudo fosse
extremamente relevante
seus pensamentos não
existiam eles
coexistiam
talvez
com o extra do instante
e fluiam na medida que
as coisas
não aconteciam
ela se escorava no copo
e usufruia do nada e
do ninguém
e de tudo o que
lhe era oferecido
e amava
[amava]
amava o
momento
seu peito explodia de
amor e entusiasmo
exageradamente
vivia o exacerbado
e escrachava
seus braços e seus pés
sua barriga e seus
ouvidos
sua língua e sua boca
ela engolia o caroço
o alvoroço da enlouquecida
inexistência de porquês
que descorria o pertinente
do evento
e era
bom
porque era só vazio
vazio do bom e do ruim
e não tinha balança
nem justificativa
nem coerência
era só permanência
e ela ria
e chorava de rir
até
e dançava
e ria
e doía
[e aí acabou]
.

3 comentários:

  1. porra! esse é miseravelmente bom! haha. tão bom que sei nem qual adjetivo inventar, usar. que coisa... não sei! que coisa... louca, e visceral e surreal e... enxurrada... sei lá.

    e me lembrou de novo a ana martins (no bom sentido, porque este é original, fresquinho).

    ah, eu fiz um blog onde coleto uns poemas que gosto que fiz uma seleção de poemas dela. desce até o post 27. beijos!

    www.legisladoresdomundo.wordpress.com

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  2. duas coisas: "as pessoas passavam, ela os
    ignorava, embora aquilo tudo fosse extremamente relevante" e "ela engolia o caroço o alvoroço da enlouquecida inexistência de porquês que descorria o pertinente do evento". eita porra!

    na hora em que ela "escrachava seus braços e seus pés sua barriga e seus ouvidos" você acredita que me lembrou um episódio o qual você nunca vai lembrar? foi na cal, num aula, o pessoal tava numa briga despropositada, essas coisas de ego de atores, e a coisa tava se tornando insuportável e então você levantou e deu um esporro em todo mundo, hahaha! e você se mexia igual a este trecho "escrachava seus braços e seus pés sua barriga e seus ouvidos" e lembro que contei isso a minha irmã, a karla que adorou, haha, e que dizia: porra, esta aline é muito foda. hahaha

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  3. hahahaha o pior é que me lembro! eu nào mudei muito,não, thi... tudo em mim transborda! a minha opiniào explode! a minha pele é curta,ainda! nào me caibo,as vezes! e nem sempre é bom... as vezes dói... mas, aí a gente escreve,né?!
    saudades de vc e da sua irmà linda!
    muitos bjs
    [que bom que vc me achou por aqui!]
    seus comentários sào incríveis!!!
    e nào acredito que vc leu o blog até lá no começo,comentou textos lá do começo!!!

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