eu que fiz.

fui eu que inventei

essa pinta
fui eu que risquei

esse sorriso
desse jeito
quem sorriu
fui eu
e colei aqui

esse olhar
só meu
só pra mim
tão seu
fui eu que quis

esse cheiro que
não me sai da
lembrança
fui eu que
derramei

esse toque
quem não esquece
sou eu
mas
talvez
ele seja
mais meu
do que seu
fui eu que senti

esse beijo
esse sexo
eu desenhei
frame a frame
fui eu que colori

a sua boca
toda ela
eu esculpi
e o texto
que saiu dela
fui eu que escrevi

a história fui eu
só eu que vivi

e o que eu criei
foi você assim
e eu menti
.

e o quanto e o tanto

e o quanto e o tanto
que isso tudo não
faz sentido nem
diferença e o quanto
o que é pouco ou menos
tem importância eu
quero parar e só olhar
sem culpa desistir
sem receio estacionar
sem medo me deixar só
assistir e chorar sem motivo
mesmo tendo tantos
mesmo que todos os tantos
não motivos sejam assim
imbecis e mediocres quero mandar
você calar a merda dessa boca
espumar histérica e mimada suar
até ficar quente e vermelha
e novamente me sentir viva...
pro inferno com essa porra!!!!

você vem?

por aqui...?!
nada por aqui...
a vontade estava ali...
aí...
e eu disse : e se...
nada...
nada por aqui...
e aí?!
o que esteve por aí?!
e se... eu ...aí...?
eu te convido...
eu vou...
eu havia cedido...
nada...
por aqui?!
nada...
eu acredito...
eu admito...
eu insisto...
você vem...?!
quem esteve por aí...?!
aí...eu...e se...?!
hum...
eu espero...
nada...
nada...
mesmo...
por enquanto...
por aqui...

eu não te enxergo
eu imagino o teu contorno
eu fantasio as tuas cores
e numa morte prenunciada
eu arrisco o meu palpite.

o encantador de serpentes

tudo é poesia
poesia é tudo
inclusive
lacuna
.
o poeta é
um preguiçoso
um sádico
um sacana
que deixa ao
encargo de
quem lê o
angustiante
preenchimento do
sentido
.

inconsistências

ela entra.
ele está.
ela fala:
-
e, agora, é que se sente.
e é aí que a gente mente.
a sua sensibilidade é tirana.
me ama, eu sei...
mas, me engana
pois emana um cheiro que não é
só meu...
profana.
é um grande seu do qual eu
só faço parte...só faço parte...
um pedacinho dessa arte que já é sua.
-
ele olha.
ela pede:
-
não me enlouquece.
você não vai me convencer...
esquece.
você nasceu,agora, junto desse pôr do sol...
-
ela sai.
ele fica.
ele fica.
ele fica.
...

é coisa louca
que desamarra
as minhas
costuras
que adoça além
os meus cafés
ou qualquer
outro tipo de
desculpa
um intervalo
um acidente
uma piscada mais
lenta e eu
desatenta me
preocupo se vai
chover ou
não.

hoje um
homem
atravessou o
meu encanto
perfumado do
cheiro seu.
um flash de
imagem sua
e o meu
instante
seguiu sem
fôlego.

oi.

oi.
é tarde...eu sei.
mas, é que...
hoje...
é...
(suspiro)
só escrever não tá
funcionando.
eu queria te dizer...
eu...
queria te contar...
que...
(suspiro)
nada há por aqui
que já não tenha
havido
e
eu
continuo
sem saber
.

meu quase amor.

quase amei.
quase sim.
quase sei.
quase pensei que.

e esse é só o começo.

eu enganei você
completamente
enganada de
mim.

Estação 1° da 2° parte

Catarina desce as escadas correndo,com pressa.O metrô está vazio e ela aguarda apreensiva a chegada do trem.Na espera ela mexe em sua bolsa e procura um chiclete que não acha.
Ao levantar o olhar se depara com Bernardo do outro lado do metrô, na outra plataforma.
Provavelmente,ele já a tinha visto há algum tempo,pois sua expressão é já estabelecida,embora ela não a consiga decifrar.
Suas emoções, as de Catarina,variam muito em poucos segundos.
Nossa...Fazia tempo que não o via e da última vez que se falaram, a comunicação havia sido distanciada,formal e triste.
A aparição dele não a faz contente, nem infeliz. Acho que não espera nada além de um aceno de mão cumpridor de uma boa e básica educação.
Pois, está pronta pra retribuir o aceno quando o trem dele chega e ao sair faz desaparecer Bernardo.
Enfim...
É isso.
Afinal, nem o aceno, como era, mesmo,mais compatível com o desenrolar dessa (não) relação até agora.
Catarina volta para o buraco sem fundo que é a sua bolsa em busca do chiclete.
Não acha.
Desiste.

pedaços

quero explodir
na potência de
10 mil bombas
atômicas e
desabar sobre
sua cabeça
na forma de
minúsculos
pedaços de
mim de
meu amor
no peso
dilacerante
de muitas
bolhas de sabão
...
e que isso
faça toda
a diferença
.

catarina e o amor.

empanzinada de um amor
que não tem nome
que não tem direção
que lhe empanturra o peito

catarina ali
os cabelos lhe escorrem
e ela treme ao som de uma
música que não conhece
uma luxúria
um ludíbrio
um traço
um vulto
um desenho
e
de repente
alguém
!
ela cora
fecha os olhos
e.

meio sóbria meio ébria.

Catarina veste mini saia preta acinturada,um tomara que caia branco,peep toe prata nos pés e batom vermelho colorindo a boca.
Ela entra numa loja de conveniência no Jardim Botânico.
Está meio sóbria,meio ébria.
Não tem o que comprar.
Não tem o que pensar.
Não tem o que beber.
Não tem o que fazer.
Não tem o que comer.
Catarina está no meio da loja de conveniência no Jardim Botânico sem ter pra que se mexer.
Catarina ouve o barulho de um carro estacionando. Se vira. É um carro grande e preto.
Catarina não sabe que carro é esse,nunca se preocupou em saber que carros são esses ou aqueles.
Tem um casal dentro desse carro.
O mocinho beija a mocinha e sai do carro. Entra na loja. Busca um filme na locadora da loja e se encaminha pro caixa.
Bernardo - Vou levar esse.
Atendente - "Nove rainhas".
Catarina (de súbito) - Vou levar esse.
Atendente - " Nove canções".
Catarina olha para Bernardo num meio sorriso. Bernardo corresponde com um sorriso de canto de boca cerrado e um abaixar de olhos tímido. Catarina,então, insiste no foco do seu olhar e no sorriso satisfeito.
Catarina apoiada no balcão, meio sóbria, meio ébria.
Catarina - Vou levar esse vinho,também, e mais duas taças.
Catarina olha,mais uma vez, para Bernardo, se insinuando e o intimidando.
Bernardo sorri um sorriso sonoro, mal olha pra Catarina,morde os lábios, balança a cabeça em movimento leve de negação,mexe na camisa,dá um suspiro profundo e.
Catarina - Você me ama?
Bernardo - Oi ?!
Catarina - Você me ama?
Bernardo(espantado)...Não!
Catarina - Ainda,não,você quer dizer!
Bernardo(sorri espantado e cauteloso) - Pode ser...
Catarina(que o olha fixamente,dessa vez, sem sorrir) - É sim. Eu sei...Confie em mim.
Bernardo(com o olhar desconfiado) - Tá.
Atendente - Aqui,senhor.
Bernardo pega suas coisas e vai saindo,mas, pára.(tempo). Se vira e volta. Olhando pra baixo, mordendo a boca,ele ri, mais uma vez, incrédulo de si e pede.
Bernardo - Me dá seu telefone?
Catarina - Não.
Bernardo(a olhando assustado,não entendendo muito as coisas) - Não?!
Catarina - Não precisa. Você me acha.
Bernardo -(tempo) E o seu nome...?
Catarina não o responde ,não o olha,pisca devagar e sorri quase sem vontade,lânguida.
(tempo)
Bernardo - Tá.
Bernardo respira fundo, desiste, pega suas coisas e vai.
Catarina o observa ir e lamenta,profundamente,a certeza de sua realidade nota cinco.
Atendente - Senhora...
Catarina - Hum...
Atendente - É só isso,mesmo?
Catarina - Isso o quê?
Atendente - O filme, o vinho e as duas taças?
Catarina - Não vou levar o filme.
Atendente - Então, são o vinho e as duas taças?
Catarina - Só uma taça.
Atendente - Sim, senhora.
Catarina pega suas coisas e sai da loja de conveniência no Jardim Botânico vestindo uma mini saia preta acinturada,um tomara que caia branco,um peep toe prata nos pés e um batom vermelho colorindo a boca.
Ela está meio sóbria,meio ébria ...

numa ilha de
atropelos
cercada de
devaneios por
todos os lados
meu coração
passeia no
rabo de uma
baleia louca
não enxergo
a terra
não enxergo
a vista
.

as bocas

buracos molhados
melados e quentes

as bocas que passam
são passados trocados
escolhidos e acontecidos
acidentes e infortúnios
carinhos e delírios
cerram e escancaram
gritam silêncios e segredos
declaram amores e venenos
elas vomitam e incendeiam

as bocas lambem
as línguas
pedaços de carne
que saboreiam
as bocas
os gostos
os desejos
e os pedaços
que passam

um cheiro...
um suspiro...
um jeito...

e a boca
se entreabre
e convida
e morde
e comunica
e beija

tem gosto de boca
todas as bocas
muitas as bocas
qualquer boca.

o que lhe
alimenta
o que
lhe
arrebenta
o
que lhe
sustenta
onde é que
venta
?

o que
lhe prende
lhe sussurra
lhe segura
é ordem
é lamúria
ou tortura
?

o amor, a cama e as toalhas

é como chegar
no motel e
encontrar
a cama
ainda
bagunçada
as toalhas
ainda
molhadas
pelo amor
de outra
pessoa.
ou você
muda de quarto
ou você
dá um tempo
pra arrumadeira.

além lá

eu atravessei
o além lá
você ainda não
pode me ver
calma
com preguiça
meu reflexo
chegará
não se cegue
não se canse
e me sinta
e me encante
me escancare
os espaços
os traços
e dance
.

no tempo de um suspiro.

ele a olhou ela olhou pra boca dele ele advinhou o deleite o enfeite e ele sorriu ele sorriu e ela respirou no fundo ele viu o peito dela inflando inflamando e ouviu seu transpirar ela sabe ela olhou pra boca dele e o sorriso dele não acabava não findava era bonito alguém tome uma providência e faça com que ele pare ele parou e se aproximou a boca dela que estava semi aberta e seca os olhos focados dela nos olhos focados dele piscavam devagar e suas mãos estavam trêmulas e confusas ela quer muito muito beijar infinitamente essa boca e engolir esse perfume e lhe dizer baixinho no ouvido que quer muito muito beijar infinitamente a sua boca e engolir o seu perfume e sentir essa pele a pele a música que toca agora é a preferida dele e ela a escolhe pro resto de sua vida.

o amor
da boca vermelha
não de batom
dos mamilos tesos
.

e quem é que paga o pato?

no ato
o trato
o dito boato
do meu ardor intacto
do que recebo
parco
e no grito do gato
lá estavas tu
de farto servido prato
boca outra vinda de outro pacto
lá estavas tu
um belo e galante gaiato
.

vai,vai,vai,vai

morre tranquilo
nos meus braços
exílio
leva um beijo
meu
souvenir dessa
sua estadia
por aqui
.

eu me entrego

imagens desconexas
que chegam
inspeciono
uma a uma
tentando
jogá-las
pro alto
libertando-as
num vôo
infinito
mas
elas voltam
razantes
me fazendo
correr e suar
e são tantas
e são todas
todas juntas
num alvoroço
fazendo estardalhaço
gritando
suas cores
gritando
seus amores
eu as distraio
me escondo
fujo,mas
elas me cercam
me obrigam
e eu
me entrego
me entrego
me entrego
...
...
...

pelas próximas outras

meu coração virgem de algumas mágoas
recém saído dessas poucas tantas
teme covarde pelas próximas outras
inevitáveis
indispensáveis
...

um coração acaba de pular pro lado direito do peito.

no esconderijo.

e no porão das mínimas coisas
suspira meu desejo incoerente
desassossegado e latente
e no breu das tantas coisas
tantas outras o impelem a arrebatar
e ele acanhado e débil
hesita em se rebelar
inquieto e suado
se agita e se exalta
e se escuta
num escárnio vigoroso
nervoso do tempo que chega
do tempo que chega
do teu abrir de porta
do teu calor me embrulhar
do teu cheiro me embriagar
e eu suspeito
não terei opção
assim que a pequena fresta se abrir
eu sei...
eu não escapo...
eu me apaixono por você
.

.

ai
distorcido
pedaço
no contorno
desfaço
esfumaço
no traço
disfarço
e me perco
no espaço
.

esse circo

o mendigo cagado dormindo
a galera de copa curtindo

o mendigo cagado dormia sentado
porque tinha um palhaço enganado
que assistia a tudo com cara de enjoado
e não chegava nem um pouquinho pro lado
pro mendigo dormir sossegado
"é meu todo esse palco"
pensava, penso eu, o mendigo melado
mas, foi dia de picadeiro lotado
.

de um jeito que.

existe agora
um eu
que se debruça
agora
no parapeito
de um jeito
que.
talvez.
a minha sopa
de batata baroa
esfria na mesa
não olho agora.
existe a estrela
não olho agora.
é noite.
existe eu
agora que
me debruço
pra fora
não sinto agora.
o vento que
sopra a hora
me desmancha o
cabelo me
cega por um
momento
tenho medo de abrir
os olhos e enxergar
um entorno diferente
do que eu sei
preciso desaguar
lá fora.
murchar o que
eu assoprei
preciso desarmar
lá fora.
preciso derramar
lá fora.
não sei o nome
não sei a fome
o choro é poesia
desperdiçada.
eu coleciono atalhos.
pode ser que eu te
ame agora.
pode ser que eu
pule
agora.
pode ser que
a sopa eu
tome agora.
pode ser que eu
te escreva uma
carta bonita
amora.

lina sheynius

de natureza igual ou semelhante.

conturbando o trajeto
de quem a seguia
o silêncio nela
falava
mais alto
antes
escondia
mas,agora
poderia caminhar
insegura
e
trêmula
tranquilamente
sem pressa
e num impulso
sobressaltado
fazer a curva

nessa dança.

jogada numa
ciranda
louca e vesga
sem restrições
sem definições
num giro sabor
cereja
nas mediações
do meu
quase céu
quase azul
quase anil
um grito rouco
ecoa
calado
travesso
discreto
...
é segredo
...
mas
bêbado
ele
tropeça
escapa
e
voa...
voa...
voa...

eu invento um gosto e me lambuzo.

tanto [a]mar.

meu amor não morreu
.
desapareceu no mar
.
virou comida
.
outros
tubarões
.

eu ganhei uma flor.

eu ganhei uma flor
já faltavam dela algumas pétalas
as pontas das que restavam
já estavam amarelas
e o perfume dela
só com muito esforço
eu pude sentir
...
eu ganhei uma flor
ele me deu uma flor
...
ele me deu uma flor e gritou:
- você faz toda a diferença!

tingidos de púrpura.

transbordo
um oceano
inteiro
de novelos de
lã tingidos
de púrpura
.
um parto
natural de
incongruências
e
intermitências
salgadas me
rasga a
boca
.
tem hora
tem dia
tem vida
que é preciso
sangrar pelos
cantos da
boca
.

a coisa toda é muita coisa.

hoje é muito
curto.hoje é
muito pouco.
ontem era bom.
ontem era melhor.
amanhã é pra
sempre.amanhã
é pra gente.
amanhã é muito
maior.a coisa
toda é muita
coisa.

catarina entrou no chuveiro.

catarina entrou no chuveiro.
ela queria que o
tempo
coubesse no seu porta-moedas
ela queria que o
suspiro
só doesse bom e não assim
...
observou atenta a deformação
das gotas no seu antebraço
esquerdo.

eu queria te ligar e te falar de amor.

lampejo

me vejo amanhecer
sem saber
sem querer
entender
o que
em verdade
pode ser
brincar de
querer
te
ver
.

o alarmante olhar seu.

fazendo uma colagem
do que eu sinto
com
ou
sobre
o que quer que
seja
o que é que há
passo a mão
no rosto
em sinal
de espera
e com o tempo
esgotado
tampo a boca
censurando o
riso alto
que
me confundiria
pois
perderia no
movimento
o traço
do trajeto
da reta
do alarmante
olhar
seu.

E.

... Catarina,por sorte do destino, encontra sua chave de casa na bolsa e com a graça do acaso acerta o buraco da fechadura.
Abre a porta, entra e com o susto que leva quase vai ao chão...
Catarina: Ei !!!! Que merda é essa?! Mas, que diabos você faz aqui?!
Bernardo: Oi...
Catarina: Escuta.Não me obrigue a te botar daqui pra fora a força! Eu estou bêbada e trôpega...Não vou conseguir!
Bernardo: Você tá linda.
Catarina: Ah! Não me faça rir! Eu estou muito bêbada e trôpega....posso vomitar!
Bernardo: Eu te amo.Quero você pra sempre!... Posso ficar?...
...
Uma bolsa que cai.
Um soluço ébrio.
Uma tentativa de foco.
Um desequilíbrio característico.
E.
...
Catarina:Tá.

é parte

entender que
uma parte pequena
não faz
o todo
nem define
ou
significa
...
é parte
...
e na mordida
satisfaz a curiosidade
e
só.

catarina morou 6 meses naquele apartamento.

catarina morou 6 meses naquele apartamento.
ela se lembra de
2 banhos
1 almoço
3 capítulos de novela
2 olhadas pela janela
4 músicas
1 violão
5 sexos
1 amor
2 brigas
1 espirro
3 choros
1 vizinho
4 filmes
4 chuvas
e
1 suicída do 13° andar
...
é pouco.

catarina é incorrigível.

ela afrouxou no seu (a)braço.

[de olhos bem fechados]

sim...me deixe ir
e descobrir o todo mais
alardear a surpresa do irrestrito
correr nua,sozinha e feliz pelo vácuo
observar o vôo dos que já estiveram
e descansar tranquila almejando estar
sim...me deixe ir
vai ser tão bonito
...
...
...

os tempos [os verbais e os outros]

renegando o fogo e o turbilhão
reafirmando a mentira e o engano
causando danos
me separando de mim
do sim
do eu vim!
e daí?!
o que mais?!
ora essa!!!!
não me perturbe,eu diria!
eu direi!
e bateria a porta,sim!
e pisaria forte,sim!
e choraria no escuro,sim!
porque eu sou,eu estou,eu seria essa,sim!
eu bato, eu piso e eu choro,sim!
mas, eu amanheço ...
e aí,meu bem...
eu te devoro!!!!

madrugada.

madrugada
deitada
nua

sem dono
sem bônus
sem sono
.

conjunto dos fios ao longo do tear por entre os quais se passa a trama.

desse liso rastro
dessa lama
dessa cama
do escuro
do atravessado dessa linha
do adiante dessa cena
do medo desse efeito
desse olhar artifício
que nem ali,logo ali, se enreda...
conserva a implosão
de um pensamento que fica
...
mas, deixa gastar
é tempo de transpor
se deslocar irremediavelmente
e usufruir do achar graça
e dar emoção ao choque
e consentir o toque
e dar lugar a...
e atrever-se a...
e rir-se...
rir-se muito de...
...
ora,ora
mas, que ousadia a minha,não...?!

ela...ela...

ela...ela quer ver você chorando
seu vácuo se tornar candente
é um ser inclassificável
quem é você que ela tanto deseja?
mas, ela não sabe
te deseja, mas não sabe
ela é inavegável
ela é um personagem e esse amor ínclito a enoja
a destrói
ela...ela invoca por sua nudez
ela deseja estar nua ao seu lado
e assim permanecer até que, então,você a abrigue
ela deseja fazer parte da sua ambição
eis,aqui,a sua fantasia
ela veste uma máscara de carnaval
que usa em seu funeral
...
...
...
sinto ela não dizer tudo...

la luna llena

e prostrada ali
eu gargalhava de mim
do meu instante
e com o meu berrante
eu gritava:
"outra vez?!"
mais uma vez...

eu podia
imaginar
tua pelica
rossando
meu corpo
o mesmo que
então
descortinaria
o teu
...
...
...


e de tanto mal(não) te olhar
criei um você que só os meus olhos enxergam.

bailando

a menina dança em seu palco,
em sua vida, salta muito alto,
flutua...
bailando tão enorme leveza...
seus sonhos voam e dançam,
deslizam e dançam,
amanhecem e dançam...
cantam a melodia de seus passos
em suas mãos, em seus gestos
o mundo ,com pressa, passa correndo
como que enervando tão singelo ser
que ainda de laços de fita
sorri para quem não a enxerga...
sua sapatilha roda, roda e roda
como um carrossel
que rodeia o tudo...
sua memória sonha
e sonha que dança...
já dançou em todos os lugares que se dança...
balança...
balança tanto que pára pra pensar...
já é hora de parar...
só o que fez na vida foi dançar...
suas pernas endurecem...
seus gestos amortecem...
seus sonhos abandonados
adormecem
...
...
...

eu te daria o meu livro preferido numa data qualquer.

só pode ser ela.



escrevo porque não me contenho
porque me elucida um momento
e
o seguinte me embriaga
porque a boca não possui fechadura

ela espuma

vocifera

e no estômago borboletas se agitam

se proliferam

e os pedaços não se entendem

num ritmo do todo
se tornar legítimo

se contorcem
não
podendo mais
permanecer dentro
mas,não tem pra onde ir
se afligem
desejam um destino

uma ocasião
...
...
...


é a música

eu tenho certeza

só
pode
ser
ela
...
...
...


pra você.

...
e
pra
você
um beijo
purpurinado
enfeitado de
brilhantes
cheio de confetes
e
estrelinhas sortidas
...
...
...

APAIXONANTES SURDOS.
APAIXONADOS MUDOS.

OS INOCENTES

"OS INOCENTES"
ESTRÉIA: 02/07
SESC COPACABANA
20H
REALIZAÇÃO: BRECHA COLETIVO

o tempo.

...
e você sorriria eterno
e isso duraria o tempo
o tempo que eu te quero muito
o tempo que eu te quero todo
ao piscar de olhos meus
abririam os seus
num cenário você
uma taça de vinho na mão
e o peito alagado de amor
por mim
...
e eu espero que sejamos muito felizes
...
...
...

ai.

é que
sempre tem
um cheiro seu
que
eu não sei
explicar
um senão
do qual eu
não sei
me livrar
eu não
sei
lidar com
um seu
inteiro eu
meia parte meu
o qual eu
não sei
ignorar
do qual eu
não sei
abdicar
e
...
...
...
ai.

ou.

tudo o que não cabe
ou não tem lugar
ou o que não se encaixa
ou o que eu, ainda, nem sei
ou o que eu nunca soube que não sabia
que não cabia
ou o que eu ,ainda, nem sou
...
...
...

tanto quanto

e é tanto amor
tanto amor
tanto desejo
tanta disponibilidade
de mim
de minha boca
de meu tempo
de meu peito
e é tanto
que eu
se fosse você
não acreditaria
...

MOB 2- VENDO

a própria.

descobri que a gira é uma mendiga louca e faminta que mora na porta da minha casa e que se eu bobear ,ela entra, mesmo.

poros, língua, bocas e trampolim

dificuldades de
entender o que em
mim
demora tanto a fazer
sentido
não sai pela boca
não sai
não tateia a língua
não a usa de
trampolim
sai pelos poros
transpira
e
fede
.

ao meu amor

penso agora que,talvez,o único
desde,então,já o reconhecia eterno
nos prometemos pra sempre um ao outro
mesmo, como amantes
mesmo, nos intervalos de outros romances
...
revisitei esse amor,ontem...
relendo cartas e bilhetes
relembrando do tanto amor que era esse amor
o mais amor de todos os amores
...
eu te amo...
...
e quero você de volta
...
não você, o amado
mas,ele, o amor
...
meu amor de entrega sem relutância
meu amor de choro sem pudor
meu amor de crises de ciúme genuínas e incontroláveis
o amor de transas inesquecíveis,inexplicáveis
o amor de declarações de amor exageradas,intensas
o amor de juras de amor infinito
o amor de só conseguir pensar em você o dia,o tempo inteiro,sem conseguir estudar, trabalhar
o amor de reconstruir o nosso instante a todo momento e ter na pele tudo isso fresco pra sentir
o amor de sentir a saudade que dói de verdade e a falta devastadora que um cheiro faz...
um amor de viver eu te amo sem receio de te amar...
...
e só a você eu amei assim...
ontem...
eu revisitei esse amor...
...
de você,meu amor...
saudades...
...
...
...

.

eu quero ser a parte boa do seu caos de agora...
a parte que vem depois e te acalma...
o pensamento que vem de repente e te aconchega...
o respiro, o suspiro...
do depois da confusão
do depois do que te preocupa...
um sorriso bom
um carinho bom
um assunto bom
um silêncio bom...
...
...
...

( ? )

saindo de lá
sozinho
mergulhando no silêncio e
no frio
inquisidor
do lado de cá
na rua
ouvindo o resto de
música
abafada
do meu mundo
recém
anterior
acendi um
cigarro
caminhei 5 passos
cocei tranquilo o
cavanhaque
suspirei
pensei nela
pensei neles
e pensei
então
-
porra... não é isso!
não é nada disso...
e agora?!
...
...
...

rima pobre

me apaixonei pela sua dor
...
pelo tamanho dela
pelo formato dela
pela quina dela
pelo lugar onde ela
esbarra
pelo hematoma que ela
faz
pelo canto onde ela dói
pelo buraco de onde ela
escapa, de onde ela
transborda
pelo som que ela choraminga
quando sai da sua boca
...
me apaixonei pela sua dor
e pela textura do seu amor
...
...
...

edward sharpe and the magnetic zeros - home

as vezes...

eu te gosto
te desejo...
as vezes, te afasto...
e te minto...
e te minto que te
gosto
eu te amo
as vezes, eu te amo...
eu te amo
as vezes, eu te invento
te incremento
as, vezes, não te vejo
não te enxergo
não te toco
não te foco
não te chamo
as vezes, não sei se
te quero mais
não te quero mais
eu quero mais
não te consigo
não te alcanço
não te espero
não te esqueço
não me deixo
...
não te entendo
não te ligo
aí, não te cheiro
não te chego
não te beijo
...
...
...

(...)

- me apaixonei por você.
...
- mas, você vai saber lidar com isso ou é melhor eu ir embora?
...
- não vai embora, não...
...
- tá.
...
...
...

...

saudade
(vontade)
de saber de
cor
aquele sinal
de nascença
que você
tem
(teria)
bem
atrás da
orelha
esquerda
.

eu tinha...

eu tinha
braços
eu tinha
pernas
eu tinha
risos
eu tinha
boca
eu tinha
charme
eu tinha
assuntos
mas, olhos
mesmo
eu só tinha
pra
você
.

mas, e se...

mas, e se o meu
desejo fosse tanto
que perfurasse
fino, as vezes
doesse sem
ar
e o cheiro leve
e invasor
e meliante
da sua
presença
me roubasse os
sentidos
me deixasse o
olhar sem fala
sem chance de ser
menos patético
e o meu
peito
se movesse num
respiro abismo
e intransigente
e tudo o que
existe em
mim
de coerente
de melhor
se tornasse
menor e eu nem
ao menos
conseguisse estar
ali
sem pensar sem
lembrar
da falta
perturbadora
que o seu gosto
me faz
?

um instante

um diminuto
espaço
apreciável
de tempo
seu
e
me parece
imprudente
até
não chorar
um
pouco
...
...
...

me afogo

e debaixo d´agua
percebo sons
que não sei
explicar
.
não quero
.
não devo
.
me aquieto
ali
sem respirar
e assisto
turvamente
uma sereia
deslizar
.
me nego
me afogo
me afobo
.
e desponto
disfarçadamente
na superfície
boba
e segura
da minha
paisagem
reconhecida
.

sim.

e eu serei
feliz
assim
mesmo
nesse peito
rasgado
e mal
conhecido
mal
criado
debaixo desse
sussurro
estremecido
deitada e
refastelada
sobre
essa pele
macia
eu serei
feliz
a todo
custo
no susto
do feio
ressentimento
do peito
seu
eu
não
esperarei
um lampejo
só desejo
eu ligarei
do número meu
e direi
...
quer ver
um filme
comigo
tomar um
drink
e fazer
amor
?
...
...
...